quinta-feira, 31 de outubro de 2013

O preconceito contra tatuagens na era moderna


Boa parte do preconceito contra tatuagens provém da cultura cristã, como citado acima, mas havia também uma grande questão social que embutia ainda mais preconceito contra os desenhos feitos na pele. Os primeiros homens a aparecerem em público com tatuagens eram os já citados marinheiros, cuja má fama os precediam. Junte-se a isso o hábito que a Igreja Católica tinha de estigmatizar algumas pessoas que cometiam “pecados” com letras e desenhos tatuados, e temos aí uma união de ideias que levou a seguinte linha de raciocínio:
  • Pessoas tatuadas pela Igreja eram pecadores, portanto indignos.
  • Marinheiros tatuados eram prisioneiros condenados e que cometeram crimes diversos.
  • Portanto, toda pessoa tatuada era um potencial criminoso ou pecador.
Esse silogismo simplista deu à tatuagem (ou tattoo, como imortalizado pelo capitão John Cook) o terrível estigma de “coisa de pessoas sem valor social”, ou simplesmente “coisa de bandido”.

A tatuagem e o preconceito hoje

A tatuagem passou quase todo o século XX sofrendo com o preconceito ancestral herdado desde a Idade Média, mas graças ao culto à personalidade criado pela mídia para poder falar sobre cantores, atores e diversas personalidades notórias, a tatuagem começou a ser vista também como uma forma de expressão artística. A partir da “invenção da juventude” como mercado consumidor, em meados da década de 1950, e dos ditames estéticos propagados pelos ídolos desta juventude, principalmente cantores de rock, a tatuagem começou a sair do gueto e invadir os “grandes salões da sociedade”.
Se hoje os estúdios de tatuagem multiplicam-se graças a uma horda crescente e insaciável de jovens e adultos que aderem à tatuagem como forma de expressão e homenagem, há também um grande preconceito profissional contra a tatuagem, principalmente nas profissões mais tradicionais, como médicos, engenheiros e advogados. A visão do público ainda é altamente preconceituosa, e isso dita a contratação ou não de um profissional tatuado.
A tatuagem não é mais demonizada pela população como antigamente, e isso se deve à adesão de pessoas famosas que são adoradas pelo público e que aparecem ostensivamente na mídia mostrando sem pudor as tatuagens que cobrem partes visíveis do corpo. O principal foco de preconceito contra tatuagens ainda é o mercado de trabalho, mas setores mais conservadores da Igreja católica, seitas neoevangélicas e até mesmo cidades interioranas com prefeitos conservadores mantêm a tatuagem em um gueto de desprezo, ojeriza e até mesmo ódio.

Onde tudo começou.




Há mais de 3500 anos atrás, a tatuagem já existia como forma de expressão da personalidade ou de indivíduos de uma mesma comunidade tribal (união de pessoas com as mesmas características sociais e religiosas). Os primitivos se tatuavam para marcar os fatos da vida biológica: nascimento, puberdade, reprodução e morte. Depois, para relatar os fatos da vida social: virar guerreiro, sacerdote ou rei; casar-se, celebrar a vida, identificar os prisioneiros, pedir proteção ao imponderável, garantir a vida do espírito durante e depois do corpo.

Na era Cristã, na clandestinidade, sob o jugo do poder pagão, os primeiros cristãos se reconheciam por uma série de sinais tatuados, com cruzes, as letras IHS, o peixe, as letras gregas. Na era moderna, a tatuagem passou por vários anos de marginalidade. Ela retorna a ser questão de relevância em nossa sociedade quando surge em artistas de música, cinema, e em pessoas comuns.
Deixando de ser um símbolo de marginalidade, e sim uma forma de expressão individual de arte e estética do corpo, a tatuagem não é mais tosca como as de cadeias, e sim um desenho de traços mais finos e cores variadas.
No Brasil, o precursor da tatuagem moderna foi um cidadão dinamarquês chamado Knud Harald Lucky Gegersen, conhecido popularmente como Lucky, ou Mr. Tattoo. Chegando por aqui em 1959, Lucky se estabeleceu em Santos-SP, utilizando seu talento e suas técnicas de desenhista e pintor profissional.
Lucky teve uma participação real no mundo da tatuagem brasileira. Os tatuadores chegam a dizer que por mais imperfeita que seja a tatuagem de Lucky, ela vale muito, pois foi graças ao dinamarquês que o Brasil entrou no mapa da tatuagem moderna. Lucky foi notícia em vários jornais, e em 1975 o jornal O Globo o considerou o único  tatuador profissional da América do Sul, sendo sua morte noticiada no Jornal'A Tribuna" de Santos do dia 18 de dezembro de 1983. Por um bom tempo Lucky continuou sendo o único, até que começaram a aparecer, aos poucos, os seus seguidores, que herdaram dele as técnicas e a arte de fazer tatuagem.
Apesar de toda sua história, o conceito de origem independente se adequa a tatuagem, pois ela foi inventada várias vezes, em diferentes momentos e partes do Mundo, em todos os continentes, com maior ou menor variação de propósitos, técnicas e resultados.
Os Tipos de Tatuagem
Tradicional (tatuagem de marinheiro): São aqueles desenhos tradicionais, como uma âncora ou uma gaivota, aliás, os marinheiros foram os grandes divulgadores da tatuagem pelo mundo.
Sumi: técnica oriental que utiliza bambu au invés de agulha. Geralmente os desenhos são ricos em detalhes.
Realista: desenhos que imitam o mundo real, como mulheres, pássaros e personalidades.
Estilizada: como o próprio nome já diz, são desenhos estilizados.
Alto relevo: muito difundida entre os índios. A pele é dissecada formando desenhos com uma infinidade de cores, praticada principalmente por aborígenes, de origem africana.
Belfaro Pigmentação: a maquiagem definitiva, como delineador, batom, etc.
Celta: desenhos de origem celta com figuras entrelaçadas. Pode ser preta ou colorida.
Tribal: desenhos em preto ou coloridos com motivos tribais. Podem ser desenhos de tribos norte-americanas, haidas, maias, incas, astecas, geométricas ou abstratas.
Oriental: trabalhos grandes, geralmente de corpo inteiro, como um painel. Os desenhos são com motivos orientais, como samurais, gueixas e dragões.
Psicodélicas: trabalhos supercoloridos com desenhos totalmente senseless.
Religiosas: trabalhos com personagens bíblicos, como um santo, uma cruz, etc.
Bold line: desenhos das histórias em quadrinhos com traços bem largos e cores berrantes.
Branding: tatuagem marcada a ferro e fogo.
Como São Feitas as Tatuagens
As tatuagens são feitas com pigmentos importados de origem mineral, principalmente, e com agulhas específicas para tatuar, sempre descartáveis e nunca reutilizadas (mesmo que seja na própria pessoa).
As máquinas elétricas, preferencialmente, devem ter a ponteira de aço inox cirúrgico e/ou descartáveis, devem ser limpas por ultra som e esterilizadas com estufa a uma temperatura igual ou superior à 170 º C por um período de pelo menos 3 horas.
Os aparelhos de barbear utilizados para depilar o local da tatuagem não devem ser reaproveitados.
O tatuador deve usar luvas e máscara para procedimentos, para evitar uma possível infecção ou até a contaminação por doenças como hepatite, AIDS, tuberculose, esporos patogênicos, bactérias e fungos.
A limpeza do ambiente é fundamental afim de se evitar a contaminação cruzada.
A arte é conseqüência de tudo que o tatuador aprendeu durante anos, este, deve ter pelo menos, a experiência de 5 anos.