Boa parte do preconceito contra tatuagens provém da
cultura cristã, como citado acima, mas havia também uma grande questão
social que embutia ainda mais preconceito contra os desenhos feitos na
pele. Os primeiros homens a aparecerem em público com tatuagens eram os já citados marinheiros,
cuja má fama os precediam. Junte-se a isso o hábito que a Igreja
Católica tinha de estigmatizar algumas pessoas que cometiam “pecados”
com letras e desenhos tatuados, e temos aí uma união de ideias que levou
a seguinte linha de raciocínio:
- Pessoas tatuadas pela Igreja eram pecadores, portanto indignos.
- Marinheiros tatuados eram prisioneiros condenados e que cometeram crimes diversos.
- Portanto, toda pessoa tatuada era um potencial criminoso ou pecador.
Esse silogismo simplista deu à tatuagem (ou tattoo, como imortalizado pelo capitão John Cook) o terrível estigma de “coisa de pessoas sem valor social”, ou simplesmente “coisa de bandido”.
A tatuagem e o preconceito hoje
A tatuagem passou quase todo o século XX sofrendo com o preconceito
ancestral herdado desde a Idade Média, mas graças ao culto à
personalidade criado pela mídia para poder falar sobre cantores, atores e
diversas personalidades notórias, a tatuagem começou a ser vista também
como uma forma de expressão artística. A partir da “invenção da
juventude” como mercado consumidor, em meados da década de 1950, e dos
ditames estéticos propagados pelos ídolos desta juventude,
principalmente cantores de rock, a tatuagem começou a sair do gueto e
invadir os “grandes salões da sociedade”.
Se hoje os estúdios de tatuagem multiplicam-se
graças a uma horda crescente e insaciável de jovens e adultos que aderem
à tatuagem como forma de expressão e homenagem, há também um grande
preconceito profissional contra a tatuagem, principalmente nas
profissões mais tradicionais, como médicos, engenheiros e advogados. A
visão do público ainda é altamente preconceituosa, e isso dita a
contratação ou não de um profissional tatuado.
A tatuagem não é mais demonizada pela população como antigamente, e
isso se deve à adesão de pessoas famosas que são adoradas pelo público e
que aparecem ostensivamente na mídia mostrando sem pudor as tatuagens
que cobrem partes visíveis do corpo. O principal foco de preconceito contra tatuagens ainda é o mercado de trabalho,
mas setores mais conservadores da Igreja católica, seitas
neoevangélicas e até mesmo cidades interioranas com prefeitos
conservadores mantêm a tatuagem em um gueto de desprezo, ojeriza e até
mesmo ódio.

